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Movimento Combinado – ESTUDO DE CASO – COLUNA CERVICAL

     O seguinte estudo de caso ilustra como a utilização do conceito movimento combinado pode ser útil tanto no diagnóstico quanto no tratamento de sintomas cervicais de origem mecânica.
 
História
     Dona Joaquina, 43 anos, professora de ensino médio, se apresentou na clínica queixando-se de dor insidiosa na região supraescapular direita. Começou a perceber os sintomas depois de uma semana quando assumiu novas turmas. Fizeram 21 dias desde esta mudança de atividade. Relatou que seu principal problema é quando precisa escrever no quadro (destra), principalmente por períodos prolongados. A paciente também queixa-se da dor para estacionar o seu carro do lado direito.
 
     Nega a presença de rigidez matinal prolongada, presença de paraestesias ou distúrbios somatosensoriais (vertigem, tontura, etc). Descreve sua dor como sendo ´chata´, de difícil localização e indica 6/10 na escala verbal de dor (EVD sendo 0 – nada e 10 – máxima dor) quando realiza os movimentos provocativos .
 
     A medicação analgésica e anti-inflamatória prescrita surtiu pouco efeito nos sintomas.
História pregressa inclui episódios de dores lombares inespecíficas ocasionais, para as quais nunca procurou auxílio médico.
 
Inspeção física
     Tendo em vista a ausência de yellow e/ou red flags, baixa irritabilidade, moderada severidade, assim como ausência de sinais e sintomas sugestivos de comprometimento neural, julgou-se apropriado conduzir uma avaliação física completa do quadrante superior para identificação da provável fonte nociceptiva e estabelecimento do diagnóstico.
 
     A paciente apresentava relativa boa postura do quadrante superior, testes neurodinâmicos se encontravam normais. Os músculos da região cervical não apresentavam encurtamento relevante ou presença de pontos gatilhos que reproduzissem a dor familiar. Testes de quadrante e travamento (locking) do ombro se encontravam normais.
 
     A avaliação da mobilidade cervical ativa demonstrou: 1) rotação cervical direita e extensão estavam reduzidas em 50% sendo que a primeira graduava EVD 3/10  e a segunda EVD 4/10; 2) a utilização de movimentos combinados (Edwards 2002, Edwards 1999) de extensão e rotação direita reproduziu mais fidedignamente a dor da paciente, provocando EVD 7/10.
 
     Ambos os movimentos de rotação direita e extensão e a combinação destes produzem um deslizamento caudal das facetas articulares direitas. Em movimento combinado, esta resposta obtida durante o exame ativo-assistido é denominada como um padrão de disfunção compressivo.
 
     As informações subjetivas e objetivas obtidas até este ponto da avaliação apontavam para a presença de uma disfunção mecânica cervical com provável envolvimento das articulações facetárias da coluna cervical. Sendo assim, decidiu-se aplicar um movimento acessório intervertebral passivo posteroanterior caudal (PA) sobre as facetas articulares cervicais direitas na posição combinada de extensão e rotação direita com a paciente em prono (figura 1). Ao aplicar esta técnica de movimento combinado sobre C5 (Edwards 2002, Edwards and Maitland 2006, McCarthy 2010), observou-se que a mesma reproduziu completamente a dor da paciente (EVD 6/10) e se encontrava hipomóvel quando comparada com as demais.
 
Imagem
 
Figura 1 – PA unilateral direita em extensão e rotação direita
 
     De acordo com o conceito movimento combinado, o efeito biomecânico da aplicação da PA unilateral direita mencionada acarreta em um deslizamento inferior da faceta articular direta de C5 sobre C6, fechando ainda mais este segmento.
 
Mini-tratamento
     Uma prática clínica comum entre fisioterapeutas manipulativos é a aplicação de um mini-tratamento, seja ele articular, muscular ou neural, de forma a auxiliar o raciocínio clínico para facilitar tanto no diagnóstico quanto no tratamento de uma disfunção musculoesquelética.
 
     Tendo em vista os achados subjetivos e objetivos indicativos de uma disfunção articular cervical, decidiu-se pela aplicação de um movimento intervertebral acessório passivo anteroposterior à direita de C5 em uma posição de leve extensão e rotação direita (figura 2).
 
     Este movimento também produz um movimento caudal de C5 sobre C6 e foi realizado de forma indolor. A técnica foi aplicada por cerca de 60 segundos e observou-se, após a aplicação, que a rotação direita e a extensão melhoraram em 50%, assim como a PA unilateral direita de C5 estava com mobilidade normal, produzindo uma leve dor (EVD 2/10).

 Imagem

Figura 2 – AP direita em leve extensão e rotação direita
 
     Sendo assim, a técnica foi aplicada mais duas vezes por 60 segundos. Na reavaliação, a rotação direita e extensão estavam completas com um leve desconforto no final da ADM; a PA unilateral direita sobre C5 não mais produzia dor e a mobilidade estava restaurada. A paciente negou a presença de algum desconforto decorrente do tratamento.
 
Tratamento 2
     Dona Joaquina retornou conforme solicitada para reavaliação e continuação do tratamento após 3 dias. Ela relatou ausência completa dos sintomas nas 36 horas após a consulta inicial e negou a presença de desconforto horas após o tratamento ou na manhã seguinte. Os sintomas retornaram parcialmente apenas e a paciente disse sentir `a coluna mais flexível´ obtendo uma melhora geral de 50%.
 
     Na reavaliação observou-se uma leve regressão da mobilidade ativo-assistida (75% da ADM livre de dor) atingida ao final da última sessão e a PA unilateral direita sobre C5 se encontrava ligeiramente hipomóvel e produzia uma EVD 2/10.
 
     Devido ao resultados positivos obtidos, decidiu-se manter a técnica e reaplicar três séries de um minuto (figura 2), porém com a cervical em extensão e rotação direita completas. Logo após a execução desta, três séries de trinta segundos de uma mobilização intervertebral fisiológica passiva de C5 sobre C6 foi realizada (figura 3).
 
     Nesta técnica C6 é bloqueada pela mão direita e C5 é conduzida em extensão e mobilizada em rotação direita.

 Imagem

 Figura 3 – Rotação direita em extensão
 
     Na reavaliação a mobilidade ativa se encontrava restaurada e livre de dor, a PA unilateral direita sobre C5 estava com mobilidade normal e sem dor. A paciente negou a presença de qualquer sintoma decorrente do tratamento.
 
     A paciente foi instruída a realizar uma série de 10 repetições de um exercício envolvendo extensão e rotação direita que deveria ser realizado várias vezes ao longo do dia.
 
Tratamento 3
     Após uma semana, a paciente retornou para reavaliação dizendo estar 90% melhor. Sentia apenas leve desconforto(EVD 1/10) no final da jornada de trabalho. Disse ter sentido que os exercícios indicados auxiliaram na evolução de seu quadro.
 
     Na reavaliação tanto a rotação direita quanto a extensão estavam completas e provocavam apenas desconforto (EVD 1/10) e a PA unilateral direita sobre C5 estava com mobilidade normal e sem dor.
 
     As técnicas realizadas na última consulta foram repetidas. Ao final da sessão a paciente estava sem restrição ou dor na mobilidade ativa.
 
     Dona Joaquina recebeu alta e foi solicitada a continuar realizando os exercícios de maneira menos intensa por mais uma semana.
 
Conclusão
     Este estudo de caso demonstrou como o conceito movimento combinado pode ser uma ferramenta útil na identificação de uma fonte nociceptiva cervical e como ele proporciona uma progressão lógica e rápida na resolução de uma disfunção cervical mecânica muito comum em clínicas de fisioterapia.
 
 
 
Prof. Ms. Rafael Baeske
Professor do curso de Movimento Combinado
do Grupo FisioWork®
 
Fisioterapeuta;
Mestre em Terapia Manual pela Universidade de Coventry, Inglaterra;
Membro da Musculoskeletal Association of Chartered Physiotherapists (MMACP);
Certificação Internacional em Movimento Combinado – Reino Unido;
Instrutor certificado e aprovado do Método Kinesio Taping (KTAI – EUA);
Participação e formação no programa internacional com duração de nove meses do conceito Mulligan pela Associação Internacional de Professores do Conceito Mulligan – Reino Unido;
Experiência clínica internacional.
 
 
 
Referências
Edwards, B. and Maitland, G. (2006) ‘Application of Techniques’. in Maitland’s Vertebral Manipulation. ed. by Maitland, G., Hengeveld, E., Banks, K., and English, K. Edinburgh: Elsevier Butterworth Heinemann, 213-228
Edwards, B. (2002) ‘Combined Movements of the Cervical Spine in Examination and Treatment’. in Physical Therapy of the Cervical and Thoracic Spine. ed. by Grant, R. Edinburgh: Churchill Livingstone, 159-181
Edwards, B. C. (1999) Manual of Combined Movements. 2nd edn. Oxford: Butterworth Heinemann
McCarthy, C. (ed.) (2010) Combined Movement Theory. 1st edn. Edinburgh: Churchill Livingstone Elsevier 

Terapia Manual Vertebral

      Movimento combinado é uma abordagem de avaliação e tratamento de distúrbios álgicos mecânicos da coluna vertebral extensamente utilizada por fisioterapeutas manipulativos/musculoesqueléticos, sendo um dos cursos de extensão mais procurados por fisioterapeutas europeus. Esta modalidade foi criada pelo fisioterapeuta Brian Edwards (1-4) que desenvolveu uma progressão lógica de avaliação e tratamento das disfunções espinhais por meio de técnicas manuais vertebrais.
 
      Edwards propôs (3-4) que, como os movimentos da coluna vertebral ocorrem de maneira combinada em diversos planos, a avaliação e o tratamento de pacientes com disfunções espinhais deve também envolver a utilização de mais de um plano de movimento. Desta maneira, quando indicada, a avaliação e o tratamento através do conceito movimento combinado é mais eficaz, rápida e segura.
 
      O exemplo ao lado demonstra como movimento combinado pode facilitar a precisa identificação de disfunções vertebrais mecânicas. Em uma posição de extensão e flexão lateral direita, as facetas articulares lombares à direita encontram-se aproximadas (em compressão). Porém, sem a utilização de um movimento intervertebral acessório passivo (MIAP) torna-se difícil a correta localização de qual faceta é a responsável pelos sintomas do paciente. Com a utilização de um MIAP caudal sobre o processo transverso direito de L4, podemos produzir um aumento ainda maior da compressão facetária de L4-L5 à direita. Desta maneira, se este segmento for o responsável pelos sintomas, obtem-se reprodução da dor familiar apresentada pelo paciente assim como a presença de alterações na mobilidade articular segmentar. Esta combinação biomecânica é uma característica única em movimento combinado.
 
      A importância de se possuir técnicas avançadas para se avaliar e tratar disfunções musculoesqueléticas torna-se mais relevante quando estudos investigando as causas patoanatômicas das disfunções vertebrais são levados em consideração. Dillingham (5)  realizou um estudo seminal nesta área e constatou que 85% das apresentações clínicas de dores lombares são consideradas inespecíficas, ou seja, não é possível estabelecer com absoluta certeza qual a causa do problema. Os mesmos achados se aplicam para disfunções musculoesqueléticas da coluna cervical (6). Desta maneira, a utilização de sinais e sintomas oriundos de um exame físico avançado através de movimentos combinados é extremamente importante no manejo de pacientes com dores vertebrais.
 
      Estudos clínicos controlados têm demonstrado que técnicas manuais vertebrais causam uma importante hipoalgesia mecânica oriunda de centros supraspinhais (7-14). Desta maneira,  estas devem ser consideradas como alternativas de tratamento na reabilitação de pacientes com disfunções vertebrais. Interessantemente, existem estudos alertando para o fato que a utilização da abordagem através de movimentos combinados é mais eficaz, provavelmente devido ao fato desta modalidade de tratamento ser mais avançada e em posições mais funcionais (15-17).
 
      As principais características do conceito movimento combinado são:
 
1- A avaliação é realizada em posições combinadas que se aproximam a demonstração funcional apresentada pelo paciente(1, 17, 18). Exemplificando, se o paciente relata que estacionar o carro do lado direito é um problema, a avaliação muito provavelmente irá envolver o uso de extensão e rotação cervical para a direita.
2- O tratamento se dá através de dois ou três planos de movimento, ou seja, as técnicas de tratamento (acessórias e fisiológicas) são utilizadas em posições combinadas, respeitando a biomecânica normal das articulações facetárias.
3- O tratamento é avançado: utiliza grau III (em resistência) na posição combinada. Assim, no caso do paciente com dificuldade para estacionar o carro para a direita, o tratamento envolverá o uso de técnicas acessórias e/ou fisiológicas em extensão e rotação cervical para a direita. Estudos alertam sobre a importância de se utilizar graus avançados para a produção de estimulação supraespinhal e produção de analgesia (12,19,20).
4- A abordagem pode ser utilizada em apresentações nociceptivas clínicas severas e não severas. Sendo que a principal diferença é o uso da posição combinada inicial. Ou seja, usando o exemplo acima, se o paciente relatar níveis álgicos elevados, ao invés de se utilizar extensão e rotação para direita no tratamento, a flexão e rotação para esquerda é usada. Desta maneira, os tecidos responsáveis pela informação nociceptiva estarão em um estado de repouso e técnicas de mobilização de amplitude larga (grau III) podem ser aplicadas com segurança.
 
       A fisioterapia musculoesquelética vertebral tem se destacado mundialmente pela grande quantidade de modalidades de tratamento, sendo que muitas destas não possuem nenhuma comprovação científica. Fisioterapeutas devem seguir a tendência mundial da prática baseada em evidências. Isto proporcionará ao fisioterapeuta um respeito profissional oriundo de seus pacientes e de outros profissionais da área da saúde, assim como ajudará a fisioterapia a ser mais respeitada como uma importante alternativa de tratamento para disfunções musculoesqueláticas.
 
 
Prof. Ms. Rafael Baeske
Professor do curso de Movimento Combinado
do Grupo FisioWork®
 
Fisioterapeuta;
Mestre em Terapia Manual pela Universidade de Coventry, Inglaterra;
Membro da Musculoskeletal Association of Chartered Physiotherapists (MMACP);
Certificação Internacional em Movimento Combinado – Reino Unido;
Instrutor certificado e aprovado do Método Kinesio Taping (KTAI – EUA);
Participação e formação no programa internacional com duração de nove meses do conceito Mulligan pela Associação Internacional de Professores do Conceito Mulligan – Reino Unido;
Experiência clínica internacional.
 
 
Referências
1. Edwards B, Maitland G. Application of techniques. In: G. Maitland, E. Hengeveld, K. Banks, K. English, editors. Maitland’s vertebral manipulation. Edinburgh: Elsevier Butterworth Heinemann; 2006.
2. Maitland G, Hengeveld E, Banks K, English K, editors. Maitland’s vertebral manipulation. 7th ed. Edinburgh: Butterworth Heinemann Elsevier; 2005.
3. Edwards BC. Manual of combined movements. 1st ed. Edinburgh: Churchill Livingstone; 1992.
4. Edwards BC. Manual of combined movements. 2nd ed. Oxford: Butterworth Heinemann; 1999.
5. Dillingham T. Evaluation and management of low back pain: And overview. State of the Art Reviews 1995;9(3):559-74.
6. Jull G, Sterling M, Falla D, Treleaven J, O’Leary S, editors. Whiplash, headache and neck pain. 1st ed. Edinburgh: Churchill Livingstone Elsevier; 2008.
7. Wright A. Hypoalgesia post-manipulative therapy: A review of a potential neurophysiological mechanism. Manual Therapy 1995;1:11-6.
8. Wright A, Vicenzino B. Cervical mobilisation techniques, sympathetic nervous system effects and their relationship to analgesia. In: M. Shacklock, editor. Moving in on pain. Australia: Butterworth – Heinemann; 1995.
9. Vicenzino B, Collins D, Wright T. Sudomotor changes induced by neural mobilisation techniques in asymptomatic subjects. J MANUAL MANIPULATIVE THER 1994 06;2(2):66-74.
10. Vicenzino B, Gutschlag F, Collins D, Wright A. An investigation of the effects of spinal manual therapy on forequarter pressure and thermal pain thresholds and sympathetic nervous system activity in asymptomatic subjects: A preliminary report. In: M. Shacklock, editor. Moving in on pain. Australia: Butterworth – Heinemann; 1995.
11. Vicenzino B, Collins D, Wright A. The initial effects of a cervical spine manipulative physiotherapy treatment on the pain and dysfunction of lateral epicondylalgia. Pain 1996;68:69-74.
12. Chiu TW, Wright A. To compare the effects of different rates of application of a cervical mobilisation technique on sympathetic outflow to the upper limb in normal subjects. Manual Therapy 1996;1(4):198-203.
13. McGuiness J, Vicenzino B, Wright A. Influence of a cervical mobilization technique on respiratory and cardiovascular function. Manual Therapy 1997;2(4):216-20.
14. Vicenzino B, Collins D, Benson H, Wright A. An investigation of the interrelatioship between manipulative therapy-induced hypoalgesia and sympathoexcitation. Journal of Manipulative and Physiological Therapeutics 1998;21(7).
15. Sterling M, Jull G, Wright A. Cervical mobilisation: Concurrent effects on pain, sympathetic nervous system activity and motor activity. Manual Therapy 2001;6(2):72-81.
16. Edwards B. Low back pain and pain resulting from lumbar spine conditions: A comparison of treatment results. The Australian Journal of Physiotherapy 1969;15(3):104-10.
17. Edwards B. Combined movements of the cervical spine in examination and treatment. In: Ruth Grant, editor. Physical therapy of the cervical and thoracic spine. Edinburgh: Churchill Livingstone; 2002.
18. McCarthy C. Combined movement theory. 1st ed. Edinburgh: Churchill Livingstone Elsevier; 2010.
19. Willett E, Hebron C, Krouwel O. The initial effects of different rates of lumbar mobilisations on pressure pain thresholds in asymptomatic subjects. Manual Therapy 2009;15:173-8.
20. Krouwel O, Hebron C, Willett E. An investigation into the potential hypoalgesic effects of different amplitudes of PA mobilisations on the lumbar spine as measured by pressure pain thresholds (PPT). Manual Therapy 2010 02;15(1):7-12.
 
 
 
 
 

A Importância da Fisioterapia no Tratamento de ATM

      Prevenir o aparecimentos de outros sinais e sintomas, promover uma mudança de comportamento no paciente.

     A vida moderna, onde cada segundo vale um milhão, o estresse vem tomando conta de uma grande parcela da população brasileira. Dia após dia crescem os casos de indivíduos com ATM (Articulação Temporomandibular), que são dores, principalmente, nos músculos da face. 
 
     A Fisioterapia é uma profissão que tem como foco a recuperação física de pessoas com inúmeras patologias, que se manifestam basicamente por dois sintomas: dor e perda de função. Na DTM, a fisioterapia tem um papel fundamental no alívio de muitos dos sinais e sintomas como: dor na ATM relacionada ao movimento, dores musculares na face e pescoço, limitação dos movimentos da ATM e cervicais, pode causar tonturas, aparecimento de zumbidos, dores próximas ao ouvido e torcicolos; estalido articular da ATM e cefaléias levando o paciente a procurar profissionais de diversas áreas. 
 
     O objetivo de todo o tratamento fisioterapeutico é equilibrar a musculatura que envolve a ATM e o sistema mastigatório, aliviar as dores ocasionadas pela DTM, reestabelecer as funções musculares e a amplitude articular, prevenir o aparecimentos de outros sinais e sintomas, promover uma mudança de comportamento no paciente, dando-lhe consciência funcional e postural; e proporcionando-lhe uma melhoria significativa no seu quadro de disfunção e consequentemente na sua qualidade de vida. 
 
      No tratamento utilizamos mobilização articular intra-bucal, ou seja, movimentação manual da articulação para aumento da amplitude de movimento; exercícios para potencializar a contração e favorecer a coordenação muscular com o objetivo de evitar desvios de abertura e indiretamente diminuir o estalido; exercícios posturais para corrigir postura anterior e desvios laterais de cabeça; pompagem, além de outros recursos que podem variar com os sintomas e grau de acometimento de cada paciente.
 
     A Fisioterapia sozinha não resolve o problema de DTM. É fundamental que o fisioterapeuta faça parte de uma equipe multidisciplinar que trata a disfunção, converse com o seu dentista.
 
 
Dra. Alessandra Denia C.O. kuzuhara
Crefito3 99565-F

A Relevância da Manipulação Articular no tratamento da Lombalgia

     Na última década, a patologia músculo-esquelética de maior prevalência em consultórios, a lombalgia, repercutiu tanto a ponto de voltar a atenção por parte da comunidade científica, na tentativa de atenuar sua repercussão problemática no âmbito social, de saúde pública e das crescentes inconveniências econômicas envolvidas, por sua conseqüência.

    A existência de poucos estudos que a comparam com outras técnicas e alternativas de tratamento, fez com que os profissionais por muito tempo se baseassem em testes diagnósticos com confiabilidade e validade questionáveis ​​no processo de tomada da decisão clínica/terapêutica. Para a obtenção de resultados mais positivos, pesquisadores realizaram uma investida onde os estudos buscavam promover a melhoria dos processos de avaliação e triagem, identificando os potenciais candidatos que se beneficiariam mais com a manipulação articular ou demais tratamentos, diferente do que era experimentado1.

     Sabe-se que a manipulação da coluna vertebral é uma intervenção utilizada por fisioterapeutas no tratamento de indivíduos com lombalgias, porém sem muitas evidências científicas de seus resultados.  Vários ensaios clínicos randomizados têm observado que a manipulação da coluna vertebral é mais eficaz do que orientações5,7,8,10 ou outras intervenções para pacientes com lombalgia aguda 4,6,9,11. Outros estudos não mostraram qualquer benefício da manipulação da coluna vertebral comparando-se com outras intervenções2

     Os resultados aparentemente conflitantes destes ensaios clínicos podem ser parcialmente atribuídos ao fato que os pesquisadores admitiram que todos os pacientes com lombalgia apresentavam condições clínicas uniformes, em vez de se tentar identificar quais pacientes com lombalgia teriam maior probabilidade de se beneficiar da manipulação. Terapeutas que utilizam freqüentemente a manipulação da coluna como parte de seu plano de tratamento, verificam que alguns pacientes com lombalgia respondem positivamente e rapidamente a manipulação da coluna vertebral com remissão gradual dos sintomas, enquanto outros não apresentam considerada melhora. Por decorrer destas questões, surgiram estudos apontando evidências de que tratamentos baseados em classificações de pacientes de acordo com apresentação clínica e limitações funcionais, se mostravam mais eficazes. 

     Este estudo de grande relevância considerou de forma segura a indicação da manipulação vertebral como escolha para o tratamento da lombalgia mesmo em fase aguda, desde que preenchidos os seguintes critérios: sintomas recentes, sem dor a baixo do joelho, boa rotação interna do quadril (>35°), hipomobilidade lombar, percepção psicológica positiva do paciente pela modalidade terapêutica indicada; e descartada as “red flags”, que configuram patologias como câncer ósseo, espondilolistese, doenças reumáticas, infecções locais, osteoporose e outras3.
 
    Os apontamentos científicos atuais verificam a necessidade e o domínio por parte do Fisioterapeuta, na utilização de técnicas mais elaboradas de manipulação articular como a QUIROPRAXIA e a OSTEOPATIA, atendendo com devida importância às suas indicações. Como já sugeria Steve Rose (1989)… “devemos atentar para os achados da história e exame físico, para reconhecer pacientes que respondam a tratamentos específicos com o objetivo de decidir o manejo fisioterápico e melhorar a eficácia do tratamento”.
 
 
Prof. Ms. Rodrigo Arenhart
Professor do curso de Quiropraxia na Coluna Vertebral
do Grupo FisioWork®
 
Mestre em Biomecânica/UDESC
Especialista em Quiropraxia/ABRAFIQ
Especialista em Ortopedia e Traumatologia
Especialista em Fisioterapia Esportiva / SONAFE
*Professor Graduação Fisioterapia / URI
*Professor Pós-graduação: URI, IOT, ACE, UNICSUL/Odontocenter
*Professor curso de Aprimoramento em Quiropraxia / FisioWork®
 
 
 
REFERÊNCIAS
1 Flynn T, Fritz J, Whitman J, et al. A clinical prediction rule for classifying patients with low back pain Who demonstrate short-term improvement with spinal manipulation. Spine. 2002;27(24):2835–2843.
2 Cherkin DC, Deyo RA, Battie M, Street J, Barlow W. A comparison of physical therapy, chiropractic manipulation, and provision of an educational booklet for the treatment of patients with low back pain. N Engl J Med.
1998;339(15):1021–1029.
 
3 Childs JD, Fritz JM, Piva SR, Erhard RE. Clinical Decision Making in the Identification of Patients Likely to Benefit from Spinal Manipulation: A Traditional Versus an Evidence-Based Approach, J Orthop Sports Phys Ther • Volume 33 • Number 5 • May 2003
 
4 Delitto A, Cibulka MT, Erhard RE, Bowling RW, Tenhula JA. Evidence for use of an extension-mobilization category in acute low back syndrome: a prescriptive validation pilot study. Phys Ther. 1993;73(4):216–222; discussion 223–218.
 
5 Erhard RE, Delitto A, Cibulka MT. Relative effectiveness of an extension program and a combined program of manipulation and flexion and extension exercises in patients with acute low back syndrome. Phys Ther. 1994;74(12):1093–1100.
 
6 Erhard RE. The Spinal Exercise Handbook: A Home Exercise Manual for a Managed Care Environment. Pittsburgh, PA: Laurel Concepts; 1998.
 
7 McGill SM. Low back exercises: evidence for improving exercise regimens. Phys Ther. 1998;78(7):754–765.
 
8 Postacchini F, Facchini M, Palieri P. Efficacy of various forms of conservative treatments in low back pain: a comparative study. Neuro Orthop. 1988;6(1):28–35.
 
9 Koes BW, Bouter LM, van Mameren H, et al. The effectiveness of manual therapy, physiotherapy, and treatment by the general practitioner for nonspecific
back and neck complaints. A randomized clinical trial. Spine. 1992;17(1):28–35.
 
10 Wreje U, Nordgren B, Aberg H. Treatment of pelvic joint dysfunction in primary care—a controlled study. Scand J Prim Health Care. 1992;10(4):310–315.
 
11 Triano JJ, McGregor M, Hondras MA, Brennan PC. Manipulative therapy versus education programs in chronic low back pain. Spine. 1995;20(8):948–955.